(...)a Desigualdade de Gênero no Brasil é retratada pelo quadro de pobreza, desvalorização do trabalho e violência a que estão submetidas milhões de mulheres em todo país. A discriminação de gênero, além de acentuar a pobreza, contribui significativamente para desvalorizar o papel da mulher em nossa sociedade.
Dados da PNAD – Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios de 2001 –mostram que a taxa de desemprego das mulheres é cerca de 58% maior que a dos homens, e que os rendimentos médios são 21% inferiores por horas trabalhadas. O mais curioso é que entre os indivíduos que têm mais de 15 anos de estudos, as mulheres recebem 39% a menos. Comprovando de forma contundente que a discriminação é uma questão que está além das classes sociais e grau de escolaridade.
Disponível em:http://www.google.com.br/imgres?q=programas+contra+a+discrimina%C3%A7%C3%A3o+feminina&hl=pt-BR&sa=X&qscrl=1&nord=1&rlz=1T4ADRA_pt-BRBR413BR413&tbm=isch&prmd=ivns&tbnid=uuSguGZ2mUXkbM:&imgrefurl=
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Evidentemente que o quadro de discriminação é muito mais dramático nas classes populares, principalmente as mais excluídas, as que estão na chamada linha de pobreza ou abaixo dela. O caso das mulheres negras brasileiras ilustra bem esse cenário; elas recebem 61% a menos que os homens brancos.
Ainda segundo a PNAD, em 1992, o número de lares chefiados por mulheres era de 19,3%. Desse período até 2002 aumentou para 32% o que corresponde a um terço de lares em todo o país. As pesquisas apontam ainda que 90% dessas mulheres são as únicas provedoras dos seus lares. Esse cenário cria um ambiente propício ao estímulo tanto da precarização do trabalho entre as pessoas maiores de 18 anos que residem nesses lares, como estimula o trabalho infantil no seio dessas famílias.
Os dados comprovam que a inserção desigual no mundo do trabalho torna as mulheres as mais pobres entre os pobres, apesar das mulheres representarem 42,7% da população economicamente ativa, segundo a PNAD/IBGE 2003.
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Além de receberem bem menos que os homens ao realizarem o mesmo tipo de trabalho, as mulheres que trabalham fora continuam a ser as principais responsáveis pela administração da casa e o cuidado com os filhos. A dupla jornada ainda é uma realidade no cenário doméstico para a maioria das brasileiras.
Com relação à fecundidade, segundo o IBGE, em 1940 a taxa era de 6,2 filhos, e, em 2002, caiu para 2,4 filhos. Entretanto, se houve uma queda na fecundidade de mulheres adultas, o mesmo não se pode dizer com relação às adolescentes.
Em 1996, a Pesquisa Nacional sobre Demografia e Saúde mostrou que 14% de adolescentes entre 15 e 19 anos já tinham um filho ou estavam grávidas.
Podemos citar alguns fatores que contribuem para esse quadro como: a mulher ainda é vista como mãe; a sua identidade ainda é muito calcada nisso, e também a gravidez na adolescência tem se apresentado com significado de mudança de status perante a comunidade; como adolescente, ela não é nada, mas como mãe ganha a importância de outro papel; o falso moralismo que ainda povoa o imaginário da sociedade brasileira, que não admite que o processo de liberação sexual, iniciada nos anos 50, não tem mais volta. Com isso, a maioria das famílias e escolas não conseguem facilitar a educação sexual das crianças e jovens, criando, assim, um ambiente propício para que os jovens façam sexo como quem faz contravenção, abrindo dessa forma caminho não só para a gravidez como também para doenças sexualmente transmissíveis.
Para finalizar essa breve caracterização da situação da mulher brasileira, é importante não deixar de mencionar as questões relacionadas à violência. Ela se dá através de agressões físicas como espancamentos, tapas, chutes, queimaduras; assédio sexual e estupro; violências psicológicas como humilhações, privação de liberdade, que vêm principalmente da parte do companheiro.
No final da década de 80, o IBGE constatou que 63% das vítimas de agressões físicas ocorridas no espaço doméstico eram mulheres.
Em 1992, foram registradas mais de 205 mil agressões contra mulheres nas Delegacias de Defesa da Mulher de todo o país (fonte: Barsted, 1998). Um estudo da Fapesp de 1999, tentando traçar os perfis da mulher agredida e do casal em situação de violência, relata que metade das mulheres tinha entre 30 e 40 anos e 30%, entre 20 e 30 anos; em 50% dos casos, o casal tinha entre 10 e 20 anos de convivência, e, em 40%, entre 1 e 10 anos.
É interessante notar que o grau de escolaridade não tem relação direta com o uso da violência: 78,6% das pessoas (homens e mulheres) que se disseram vítimas de violência conjugal (física ou emocional) tinham o 2º grau completo ou mais; 65% tinham pelo menos o 3º grau incompleto, e 45,7% tinham o 3º grau ou pós-graduação. Fonte: FIBGE/Subsecretaria de Pesquisa e Cidadania, 1999.
Outro aspecto dramático da violência contra as mulheres diz a respeito à violência sexual, sobretudo contra meninas. Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro, em 1995 foram contabilizados 1,5 estupro diário de meninas.
A Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM) do Distrito Federal registrou, em média, 60 casos de violência sexual por mês, no período entre 1996 e 1999.
Fonte: VALENÇA, Dayse. Disponível em: http://www.campo.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=114%3Afeminilizacao-da-pobreza&catid=50%3Aartigos&Itemid=101&lang=pt acesso em 10/08/2011.
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